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Tetsu Kasuya: O Mestre Japonês que Revolucionou o Preparo de Café com o Método 4:6

Tetsu Kasuya

No vasto e fascinante universo do café, onde cada xícara conta uma história de origem, processo e paixão, a técnica de preparo assume um papel de protagonista. É através dela que os sabores intrínsecos do grão são revelados, transformando uma simples bebida em uma experiência sensorial complexa e memorável. E quando falamos de inovação e maestria na arte de extrair o melhor do café, um nome brilha com intensidade singular: Tetsu Kasuya. Este barista japonês não apenas conquistou o título de Campeão Mundial de Brewers Cup em 2016, mas também presenteou a comunidade cafeeira com o revolucionário método 4:6, uma abordagem que redefiniu o controle e a personalização no preparo de café filtrado.

Para muitos, o nome Tetsu Kasuya é sinônimo de precisão, inovação e uma profunda compreensão da ciência por trás da extração do café. Sua jornada, desde os bastidores da Coffee Factory em Ibaraki, Japão, até o pódio do mais prestigiado campeonato de preparo de café do mundo, é uma inspiração. Mas é o seu legado técnico, o método 4:6, que continua a influenciar baristas e entusiastas em todos os cantos do planeta, oferecendo uma ferramenta poderosa para desvendar e ajustar as nuances de cada grão.

Neste artigo, convidamos você, apreciador do bom café e leitor do Santo Cafezinho, a mergulhar na história deste mestre japonês. Vamos desvendar os segredos por trás do método 4:6, entender sua filosofia e aprender como aplicá-lo para elevar sua experiência de café em casa a um novo patamar. Prepare sua Hario V60, ajuste a moagem e embarque conosco nesta jornada de descoberta, onde a técnica encontra a arte, e a simplicidade revela uma profundidade surpreendente.

 Tetsu Kasuya: O Mestre Japonês que Revolucionou o Preparo de Café com o Método 4:6
Testsu Kasuya invetor do método 4:6

Quem é Tetsu Kasuya? A Trajetória de um Campeão Mundial

A história de Tetsu Kasuya no mundo do café é uma narrativa de dedicação, estudo e uma busca incessante pela xícara perfeita. Nascido no Japão, sua ascensão ao estrelato internacional do barismo não foi meteórica, mas sim fruto de um trabalho consistente e uma paixão genuína pelo café. Antes de se tornar um nome conhecido globalmente, Kasuya aprimorava suas habilidades e conhecimentos na Coffee Factory, uma respeitada cafeteria e torrefadora localizada em Ibaraki, Japão. Foi nesse ambiente que ele pôde experimentar, testar e refinar suas técnicas, lançando as bases para o que viria a ser sua maior contribuição para o mundo do café.

A virada de chave em sua carreira ocorreu em 2016, na cidade de Dublin, Irlanda. Foi lá que Tetsu Kasuya competiu no World Brewers Cup, um dos campeonatos mais importantes e desafiadores do circuito mundial de café, que avalia a habilidade dos baristas no preparo manual de café filtrado. Com uma apresentação impecável e utilizando um método de extração que ele mesmo desenvolveu – o hoje famoso método 4:6 – Kasuya não apenas impressionou os jurados, mas também fez história ao se tornar o primeiro barista asiático a vencer a competição. Sua vitória foi um marco, não apenas para ele, mas para toda a comunidade cafeeira asiática, que via em seu sucesso um reconhecimento do alto nível técnico e da paixão pelo café especial na região.

O impacto de sua conquista transcendeu o troféu. Tetsu Kasuya tornou-se uma figura de referência, um embaixador do café de qualidade e um símbolo de como a inovação e a compreensão profunda dos fundamentos da extração podem levar a resultados extraordinários. Sua abordagem, que combina a precisão quase científica com uma sensibilidade artística, reflete uma filosofia que valoriza tanto o processo quanto o resultado final. Para Kasuya, o café é mais do que uma bebida; é uma forma de expressão, uma busca constante por equilíbrio e harmonia de sabores.

Uma curiosidade interessante sobre sua trajetória é que, antes de se dedicar integralmente ao café, Tetsu Kasuya teve uma formação em tecnologia da informação. Essa experiência pregressa, aparentemente distante do mundo do barismo, pode ter contribuído para sua abordagem metódica e analítica no desenvolvimento de técnicas de preparo. Ele não se contentava em apenas seguir receitas; buscava entender os porquês, os mecanismos por trás de cada variável da extração, desde a granulometria da moagem até a temperatura da água e, crucialmente, a forma como a água interage com o pó de café em diferentes estágios.

Após a consagração mundial, Tetsu Kasuya não se acomodou. Pelo contrário, utilizou sua visibilidade para disseminar conhecimento, inspirar outros baristas e continuar inovando. Fundou a Philocoffea, sua própria empresa, e estabeleceu parcerias estratégicas, como a colaboração com a renomada fabricante japonesa Hario, para desenvolver equipamentos que materializassem sua visão e técnica. Sua jornada é um testemunho do poder da paixão aliada ao estudo e à perseverança, um exemplo de como um indivíduo pode, de fato, revolucionar uma área e deixar um legado duradouro.

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Testsu Kasuya comemorando sua vitória

O Revolucionário Método 4:6 – Entendendo a Técnica que Conquistou o Mundo

O método 4:6 é, sem dúvida, a maior contribuição de Tetsu Kasuya para o universo do café. Mas o que exatamente é este método e por que ele causou tanto impacto? Em sua essência, trata-se de uma abordagem sistemática para o preparo de café filtrado que divide o processo de extração em etapas claramente definidas, cada uma com um propósito específico. O nome “4:6” refere-se à proporção da água utilizada: 40% nos primeiros dois despejamentos e 60% nos três despejamentos finais. Esta divisão aparentemente simples esconde uma profunda compreensão dos princípios de extração e uma elegante solução para um dos maiores desafios do café: como controlar separadamente diferentes aspectos do sabor.

A genialidade do método 4:6 está em sua premissa fundamental: os primeiros 40% da água determinam o sabor (acidez e doçura), enquanto os 60% restantes controlam a força e intensidade do café. Esta separação permite ao barista ajustar com precisão o perfil sensorial da bebida, adaptando-o às características do grão ou às preferências pessoais. É como ter um painel de controle para o sabor do café, onde cada variável pode ser ajustada independentemente.

Na prática, o método se desenvolve em cinco despejamentos distintos, cada um com um volume específico de água e separados por intervalos de aproximadamente 45 segundos. Vamos detalhar o processo, considerando um preparo com 30g de café e 300ml de água (proporção 1:10):

1.Primeiro despejo (20% da água total): 60ml de água, focado em definir o nível de acidez. Um volume maior nesta etapa resultará em mais acidez; um volume menor, em menos acidez.

2.Segundo despejo (20% da água total): 60ml de água, responsável pelo nível de doçura. Aqui, a lógica se inverte: um volume maior resultará em mais doçura; um volume menor, em menos doçura.

3.Terceiro despejo (20% da água total): 60ml de água, iniciando o controle da força do café.

4.Quarto despejo (20% da água total): 60ml de água, continuando o desenvolvimento da força.

5.Quinto despejo (20% da água total): 60ml de água, finalizando a extração e definindo a força final do café.

O equipamento necessário para executar o método 4:6 não difere muito do que se utiliza em outros métodos de preparo manual: um dripper (preferencialmente o V60 Kasuya Model, embora o V60 tradicional também funcione), filtros de papel, uma chaleira com bico fino (gooseneck) para controle preciso do fluxo, uma balança com timer e, naturalmente, café de qualidade moído na hora. A moagem recomendada é média-grossa, semelhante à textura de açúcar mascavo, permitindo uma extração equilibrada ao longo dos cinco despejamentos.

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Conjunto Kit Cafeteira Hario V60

O que diferencia fundamentalmente o método 4:6 de outras técnicas de preparo é o nível de controle e personalização que ele oferece. Enquanto métodos tradicionais geralmente focam em uma receita fixa que busca um equilíbrio predeterminado, a abordagem de Tetsu Kasuya convida o barista a ser um participante ativo, ajustando variáveis para destacar características específicas do café ou para atender preferências pessoais. É uma técnica que democratiza a experiência do café especial, permitindo que cada pessoa encontre seu próprio “café perfeito”.

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Diagrama explicativo do método 4:6 de Tetsu Kasuya

Método 4:6 vs. Métodos Tradicionais de V60

CaracterísticaMétodo 4:6 de Tetsu KasuyaMétodo Tradicional V60
Número de despejamentos5 despejamentos controladosGeralmente 2-3 despejamentos
Controle de saborSeparado (40% iniciais para sabor, 60% finais para força)Integrado (todos os despejamentos afetam sabor e força)
Tempo entre despejamentosAproximadamente 45 segundosVariável, geralmente contínuo após bloom
Bloom (desgaseificação)Integrado ao primeiro despejoEtapa separada antes dos despejamentos principais
Complexidade de execuçãoMédia-alta (requer cronometragem precisa)Média (mais intuitivo)
AdaptabilidadeAlta (ajustes específicos para cada característica)Média (ajustes gerais)
Consistência entre extraçõesAlta (processo bem definido)Média (mais variável)
Adequação para iniciantesMédia (requer atenção aos detalhes)Alta (mais tolerante a erros)

A Ciência por Trás do Método 4:6

Para apreciar verdadeiramente a inovação do método 4:6, é fundamental entender os princípios científicos que o sustentam. A extração do café é um processo complexo onde centenas de compostos químicos são dissolvidos da estrutura celular do grão moído para a água. O que torna a abordagem de Tetsu Kasuya tão revolucionária é sua compreensão de como diferentes compostos são extraídos em momentos distintos e como isso pode ser controlado de forma precisa.

Quando a água quente entra em contato com o café moído, não extrai todos os compostos simultaneamente. Em linhas gerais, os ácidos e compostos aromáticos são extraídos primeiro, seguidos pelos açúcares e, finalmente, pelos compostos amargos e adstringentes. O método 4:6 aproveita esta sequência natural para criar um sistema de controle em duas fases.

Nos primeiros 40% da água (os dois despejamentos iniciais), o foco está nos compostos que definem o perfil de sabor básico – principalmente ácidos e açúcares. Ao variar o volume entre o primeiro e o segundo despejo, Tetsu Kasuya descobriu que é possível influenciar diretamente o equilíbrio entre acidez e doçura. Quando o primeiro despejo é maior que o segundo, favorece-se a extração de ácidos, resultando em um café mais brilhante e vibrante. Quando o segundo despejo é maior, privilegia-se a extração de açúcares, produzindo uma xícara mais doce e redonda.

Os 60% restantes da água (divididos em três despejamentos) têm uma função diferente: controlar a força e o corpo do café. Aqui, a variável principal não é tanto o volume de cada despejo individual, mas como esses volumes são distribuídos. Despejos mais concentrados (por exemplo, dois de 90ml em vez de três de 60ml) resultam em um café mais encorpado e intenso. Despejos mais fragmentados (como quatro de 45ml em vez de três de 60ml) produzem uma bebida mais leve e delicada.

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A temperatura da água também desempenha um papel crucial no método 4:6. Tetsu Kasuya recomenda utilizar água entre 92°C e 96°C, um intervalo que permite extração eficiente sem degradar compostos aromáticos sensíveis. A consistência da temperatura ao longo dos cinco despejamentos é importante para manter a previsibilidade do resultado.

Outro aspecto científico relevante é a interação entre a moagem e o tempo de contato. A granulometria média-grossa recomendada por Tetsu Kasuya é calibrada especificamente para os intervalos de 45 segundos entre despejamentos. Esta combinação cria um equilíbrio onde a água tem tempo suficiente para extrair compostos desejáveis sem sobreextrair elementos amargos. É um sistema onde cada variável foi cuidadosamente considerada em relação às demais.

O professor James Hoffmann, autoridade mundial em café e autor do livro “The World Atlas of Coffee“, comentou sobre o método: “O que Kasuya fez foi essencialmente decodificar a extração em componentes gerenciáveis, permitindo um nível de controle que antes parecia impossível sem equipamentos sofisticados. É uma abordagem que combina intuição artística com rigor científico.”

A beleza do método 4:6 está em como ele pode ser adaptado para diferentes perfis de café. Para grãos naturalmente ácidos, como muitos cafés africanos, pode-se ajustar o primeiro despejo para ser menor, controlando essa característica. Para cafés com notas de chocolate e caramelo, como muitos brasileiros, pode-se aumentar o segundo despejo para realçar a doçura natural. É uma técnica que respeita a individualidade de cada origem e processamento.

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Tetsu Kasuya no Campeonato Mundial de 2016

Guia de Ajustes do Método 4:6 para Diferentes Perfis Sensoriais

Resultado DesejadoPrimeiro Despejo (40% da água)Segundo Despejo (40% da água)Despejos Finais (60% da água)
Mais Acidez60g60g3 despejos iguais de 60g
Mais Doçura50g70g3 despejos iguais de 60g
Mais Brilho70g50g3 despejos iguais de 60g
Mais Corpo60g60g2 despejos de 90g cada
Mais Intensidade60g60g1 despejo de 180g
Mais Equilíbrio60g60g3 despejos de 60g cada
Menos Amargor70g50g4 despejos de 45g cada
Mais Complexidade55g65g3 despejos variados (50g, 70g, 60g)

A Parceria com Hario e o V60 Kasuya Model

O impacto do método 4:6 no mundo do café foi tão significativo que atraiu a atenção da Hario, empresa japonesa renomada pela fabricação de equipamentos para café, especialmente o icônico dripper V60. Reconhecendo o potencial revolucionário da técnica desenvolvida por Tetsu Kasuya, a Hario propôs uma colaboração que resultaria em um produto especialmente desenhado para otimizar o método: nasceu assim o V60 Kasuya Model.

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Hario V60 – Edição Tetsu Kasuya

Edição Especial Tetsu Kasuya

Lançado em 2018, dois anos após a vitória de Kasuya no World Brewers Cup, o V60 Kasuya Model não é apenas uma versão personalizada do dripper clássico, mas uma reengenharia cuidadosa baseada nos princípios do método 4:6. A principal diferença está nas nervuras internas do cone. Enquanto o V60 tradicional possui nervuras espirais uniformemente distribuídas, o modelo Kasuya apresenta apenas três nervuras mais largas e espaçadas. Esta modificação aparentemente simples tem um propósito específico: controlar com maior precisão o fluxo de água através do café.

“As nervuras redesenhadas criam um fluxo mais lento e controlado, permitindo maior precisão nos tempos de extração entre os despejamentos”, explica Tetsu Kasuya em uma entrevista para a revista Barista Magazine. “Isso é crucial para o método 4:6, onde o tempo entre despejamentos é uma variável fundamental para o resultado final.”

Além da modificação nas nervuras, o V60 Kasuya Model possui um orifício de drenagem ligeiramente menor, contribuindo para um fluxo mais restrito e controlado. A combinação dessas características resulta em uma extração mais lenta e uniforme, ideal para a técnica de múltiplos despejamentos que define o método.

O dripper está disponível em diferentes materiais, incluindo cerâmica, vidro e plástico, cada um com suas próprias características de retenção de calor e durabilidade. A versão em cerâmica preta, com seu visual elegante e minimalista, tornou-se particularmente popular entre entusiastas e profissionais, não apenas por sua funcionalidade, mas também como um objeto de design que representa a fusão entre tradição japonesa e inovação contemporânea.

A colaboração entre Tetsu Kasuya e Hario não se limitou ao dripper. A linha Kasuya Model expandiu-se para incluir outros produtos, como o servidor de vidro com marcações específicas para os volumes recomendados no método 4:6, filtros de papel otimizados e até mesmo uma chaleira com design especial para controle preciso do fluxo de água.

Esta parceria representa um caso interessante de como a inovação técnica pode influenciar o design de produtos. Em vez de simplesmente criar uma versão “assinada” de um produto existente, a Hario e Tetsu Kasuya desenvolveram equipamentos que materializam uma filosofia de preparo, tornando mais acessível a execução de uma técnica sofisticada. É a democratização do conhecimento através do design.

O impacto comercial do V60 Kasuya Model foi significativo. Segundo dados da própria Hario, a linha Kasuya tornou-se uma das mais vendidas da empresa, especialmente em mercados com forte cultura de café de especialidade, como Japão, Estados Unidos, Austrália e países nórdicos. O sucesso comercial confirma como o método 4:6 transcendeu o circuito competitivo para se tornar uma referência no preparo diário de café por entusiastas e profissionais em todo o mundo.

Para Tetsu Kasuya, a colaboração com a Hario representou mais do que um endosso comercial; foi uma oportunidade de refinar e disseminar sua técnica. Como embaixador oficial da marca, ele tem participado de workshops, demonstrações e eventos em diversos países, compartilhando sua filosofia e conhecimento. Esta posição lhe permitiu ampliar seu impacto na comunidade global do café, inspirando uma nova geração de baristas a explorar abordagens inovadoras no preparo manual.

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Hario V60 Kasuya Model

Philocoffea – O Legado Empresarial de Tetsu Kasuya

Após sua consagração como campeão mundial, Tetsu Kasuya poderia ter seguido diversos caminhos. Poderia ter se tornado exclusivamente um embaixador de marcas, um competidor serial ou um consultor internacional. No entanto, ele escolheu um caminho que reflete sua visão de longo prazo e seu compromisso com a disseminação da cultura do café especial: fundou a Philocoffea, uma empresa que materializa sua filosofia e expande seu legado para além das competições e workshops.

Estabelecida em parceria com Masami Kaji, a Philocoffea nasceu com uma missão clara: elevar a experiência do café através da combinação de conhecimento técnico, ingredientes excepcionais e uma abordagem centrada no cliente. O nome da empresa já revela muito sobre sua essência – “Philo” vem do grego e significa amor ou afinidade, enquanto “Coffea” é o gênero botânico do café. Juntos, formam um termo que poderia ser traduzido como “amor pelo café” – uma declaração de princípios que guia todas as atividades da empresa.

Atualmente, a Philocoffea opera quatro cafeterias no Japão – três na província de Chiba e uma em Tóquio, no sofisticado distrito de Omotesando. Cada estabelecimento foi cuidadosamente projetado para refletir a estética minimalista japonesa, com espaços limpos, materiais naturais e uma atmosfera que convida à contemplação e apreciação. Não são apenas locais para consumir café, mas verdadeiros templos dedicados à experiência sensorial completa que uma xícara bem preparada pode proporcionar.

O que diferencia as cafeterias Philocoffea é a atenção meticulosa a cada detalhe do serviço. Os baristas são treinados pessoalmente por Tetsu Kasuya, aprendendo não apenas técnicas de preparo, mas também a filosofia por trás de cada método. O método 4:6, naturalmente, ocupa um lugar de destaque no menu, mas outras técnicas também são oferecidas, sempre com o mesmo nível de precisão e cuidado. A transparência é um valor fundamental – clientes são encorajados a fazer perguntas, observar o processo e aprender sobre as origens e características dos cafés servidos.

Além das cafeterias físicas, a Philocoffea expandiu suas operações para incluir uma linha de produtos selecionados, incluindo cafés especiais torrados sob supervisão direta de Kasuya, equipamentos para preparo doméstico e material educativo. A empresa também oferece workshops e cursos, desde introduções básicas ao café especial até treinamentos avançados para profissionais que desejam dominar o método 4:6 e outras técnicas sofisticadas.

Um aspecto particularmente interessante da Philocoffea é seu compromisso com a sustentabilidade e relações éticas na cadeia do café. Tetsu Kasuya tem utilizado sua influência para promover práticas responsáveis, estabelecendo relações diretas com produtores em países como Brasil, Etiópia e Colômbia. Esta abordagem não apenas garante a qualidade excepcional dos grãos utilizados, mas também contribui para melhorar as condições de vida nas comunidades produtoras.

O impacto da Philocoffea na cena de café japonesa tem sido significativo. Em um país com uma longa tradição de consumo de café, mas historicamente mais associado a métodos como o nel drip (filtração em pano) e siphon, a empresa tem ajudado a popularizar novas abordagens e a elevar o nível de exigência dos consumidores. A influência se estende para além das fronteiras japonesas, com a Philocoffea se tornando um destino obrigatório para entusiastas de café que visitam o país e uma referência global em excelência no serviço de café especial.

Para Tetsu Kasuya, a Philocoffea representa mais do que um empreendimento comercial; é um veículo para realizar sua visão de democratizar o acesso ao café de qualidade e educar consumidores sobre o potencial desta bebida. Como ele mesmo declarou em uma entrevista para o portal Sprudge: “Quero que as pessoas entendam que o café pode ser muito mais do que uma bebida funcional para despertar. Pode ser uma experiência complexa, pessoal e profundamente satisfatória. Na Philocoffea, não vendemos apenas café; oferecemos uma nova perspectiva sobre algo que muitos consideram comum.”

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Tetsu Kasuya em ação com seu método 4:6

Como Aplicar o Método 4:6 em Casa – Um Guia Prático

Uma das maiores virtudes do método 4:6 desenvolvido por Tetsu Kasuya é sua acessibilidade. Apesar de ter sido criado no contexto de uma competição mundial, com equipamentos profissionais e um nível de precisão extremo, a técnica pode ser adaptada e aplicada em casa com resultados surpreendentes. Nesta seção, vamos detalhar um guia prático para que você possa experimentar este método revolucionário na sua própria cozinha.

Equipamentos Necessários

Para começar sua jornada com o método 4:6, você precisará de:

1.Dripper: Idealmente o V60 Kasuya Model, mas um V60 tradicional também funciona bem. Outros drippers cônicos podem ser adaptados, embora o fluxo possa variar.

2.Filtros de papel: Prefira os filtros originais Hario, que são projetados especificamente para o V60 e possuem a porosidade ideal para o método.

3.Chaleira com bico de ganso (gooseneck): Essencial para o controle preciso do fluxo de água, permitindo despejamentos lentos e direcionados.

4.Balança com timer: A precisão é fundamental no método 4:6. Uma balança que mede em gramas e possui função de cronômetro facilitará muito o processo.

5.Moedor de café: Um moedor de qualidade, preferencialmente de rebolo, permitirá a consistência na granulometria que o método exige.

6.Café fresco: Escolha grãos de qualidade, torrados recentemente (idealmente entre 7 e 21 dias após a torra).

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Black Tucano Coffee Café Especial Black Tucano Honey Coffee

Cultivado artesanalmente nas Montanhas do Espirito Santo e Minas Gerais. Como característica especial, apresenta pontuação SCA acima de 86 pontos.

7.Água filtrada: A qualidade da água impacta significativamente o resultado final. Evite água mineral com alto teor de minerais ou água da torneira não filtrada.

Passo a Passo do Método 4:6

Vamos considerar um preparo para uma xícara generosa, utilizando 20g de café e 300ml de água (proporção 1:15):

1.Preparação:

•Aqueça a água a 92-96°C

•Moa o café em granulometria média-grossa (semelhante a açúcar mascavo)

•Coloque o filtro no dripper e pré-aqueça com água quente, descartando esta água em seguida

•Posicione o dripper sobre o servidor ou xícara na balança

•Adicione o café moído e zere a balança

2.Primeiro despejo (60g de água):

•Despeje lentamente em movimento circular, cobrindo todo o café

•Inicie o cronômetro

•Este despejo controla a acidez do café final

3.Segundo despejo (60g de água, totalizando 120g):

•Aguarde até 45 segundos no cronômetro

•Despeje lentamente em movimento circular

•Este despejo controla a doçura do café final

4.Terceiro despejo (60g de água, totalizando 180g):

•Aguarde até 1:30 no cronômetro

•Despeje em movimento circular, mantendo o nível da água constante

•Este despejo inicia o controle da força do café

5.Quarto despejo (60g de água, totalizando 240g):

•Aguarde até 2:15 no cronômetro

•Despeje em movimento circular, mantendo o nível da água constante

•Este despejo continua o desenvolvimento da força

6.Quinto despejo (60g de água, totalizando 300g):

•Aguarde até 3:00 no cronômetro

•Despeje em movimento circular, mantendo o nível da água constante

•Este despejo finaliza a extração e define a força final do café

7.Finalização:

•A extração completa deve terminar entre 3:15 e 3:30

•Aguarde alguns segundos para os últimos pingos

•Remova o dripper e sirva o café

Erros Comuns e Como Evitá-los

1.Moagem inadequada: Uma moagem muito fina resultará em extração excessiva e amargor; muito grossa levará a um café aguado. Ajuste gradualmente até encontrar o ponto ideal.

2.Despejamentos muito rápidos: Despeje a água lentamente e com controle. Jatos fortes perturbam a cama de café e causam extração irregular.

3.Ignorar os tempos entre despejamentos: Os intervalos de 45 segundos são cruciais para o método. Use um cronômetro e seja disciplinado.

4.Não pré-aquecer o equipamento: Filtro, dripper e servidor frios absorvem calor da água, afetando a temperatura de extração. Sempre pré-aqueça.

5.Água muito quente ou fria: A temperatura ideal está entre 92-96°C. Água fervente queima o café; água muito fria resulta em subextração.

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Conjunto Kit Cafeteira Hario V60

Cafés Recomendados para o Método 4:6

O método 4:6 funciona bem com uma ampla variedade de cafés, mas algumas origens e perfis se destacam particularmente:

•Etiópia Natural: Os florais e frutados destes cafés ganham clareza e definição com o método, especialmente ajustando para realçar a doçura.

•Colômbia Lavado: A versatilidade destes cafés permite explorar diferentes equilíbrios entre acidez e doçura através dos ajustes nos primeiros despejamentos.

•Brasil Natural: Os perfis de chocolate e nozes beneficiam-se da capacidade do método de extrair doçura sem excesso de amargor.

•Quênia Lavado: A vibrante acidez destes cafés pode ser domada ou celebrada, dependendo dos ajustes no primeiro despejo.

Como Tetsu Kasuya frequentemente menciona em seus workshops: “O método 4:6 não é uma receita rígida, mas uma estrutura para exploração. Cada café tem uma personalidade única, e este método permite que você dialogue com essa personalidade, encontrando a melhor expressão para cada grão.”

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Guia visual passo a passo para executar o método 4:6

O Impacto Duradouro de Tetsu Kasuya no Mundo do Café

Quando refletimos sobre figuras que verdadeiramente transformaram a cultura do café contemporâneo, Tetsu Kasuya certamente ocupa um lugar de destaque. Seu impacto transcende a vitória no World Brewers Cup ou mesmo a criação do método 4:6; ele representa uma abordagem que combina tradição e inovação, precisão técnica e sensibilidade artística, ciência e intuição. Em um campo muitas vezes dividido entre puristas e experimentalistas, Kasuya construiu pontes, mostrando que o rigor metodológico pode coexistir com a criatividade e a personalização.

Uma das contribuições mais significativas de Tetsu Kasuya foi democratizar o conhecimento técnico sobre extração de café. Antes do método 4:6, muitas variáveis do preparo manual eram tratadas como arte misteriosa, acessível apenas a baristas experientes com anos de prática. Ao decodificar o processo em etapas claras e objetivas, com resultados previsíveis e ajustáveis, Kasuya abriu as portas para que entusiastas domésticos pudessem explorar e compreender as nuances da extração. Como observou Scott Rao, respeitado consultor e autor de livros técnicos sobre café: “O que Kasuya fez foi traduzir conceitos complexos de extração para uma linguagem que qualquer pessoa pode entender e aplicar. Isso é revolucionário.”

O impacto geográfico também merece destaque. A vitória de Tetsu Kasuya como primeiro asiático a conquistar o World Brewers Cup ajudou a deslocar o eixo de influência no mundo do café especial, tradicionalmente dominado por baristas europeus e norte-americanos. Seu sucesso abriu portas para outros profissionais asiáticos e contribuiu para o florescimento da cena de café de especialidade no Japão, Coreia do Sul, Taiwan, China e outros países da região. Hoje, essas nações não apenas consomem café de qualidade, mas também produzem alguns dos baristas mais inovadores e tecnicamente refinados do mundo.

A colaboração com a Hario para desenvolver o V60 Kasuya Model exemplifica outra faceta do legado de Kasuya: a capacidade de materializar conceitos em ferramentas tangíveis. Ao redesenhar um dos equipamentos mais icônicos do café manual, ele demonstrou como a inovação pode ocorrer mesmo em objetos aparentemente consolidados. Esta abordagem inspirou outros fabricantes e designers a repensar equipamentos tradicionais, resultando em uma nova onda de inovação no design de produtos para café.

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Hario V60 – Edição Tetsu Kasuya

Edição Especial Tetsu Kasuya

Através da Philocoffea, Tetsu Kasuya continua expandindo sua influência, formando uma nova geração de baristas que combinam excelência técnica com uma compreensão profunda dos princípios fundamentais da extração. Seus ex-alunos e colaboradores agora lideram cafeterias, torrefações e projetos educacionais em diversos países, disseminando sua filosofia e abordagem. É um efeito multiplicador que garante que seu impacto perdurará muito além de sua carreira individual.

Para além das contribuições técnicas e empresariais, talvez o legado mais profundo de Tetsu Kasuya seja filosófico. Em um mundo onde a tecnologia frequentemente substitui o toque humano, seu método celebra a interação direta entre o barista e o café. O método 4:6 não é uma fórmula para automatização, mas um convite à participação ativa, à observação atenta e ao ajuste constante. É uma lembrança de que, mesmo em nossa busca por precisão e consistência, há espaço para personalização e expressão individual.

Como o próprio Kasuya expressou em uma palestra no Coffee Masters de Londres: “O café perfeito não é aquele que segue uma receita universal, mas aquele que expressa exatamente o que você deseja experimentar naquele momento. O método 4:6 é apenas uma ferramenta para ajudá-lo a encontrar seu próprio caminho.”

Para os entusiastas de café que acompanham o Santo Cafezinho, a mensagem de Tetsu Kasuya é particularmente relevante. Em nossa busca por conhecimento e aprimoramento, devemos valorizar tanto a técnica quanto a intuição, tanto a tradição quanto a inovação. O café é uma jornada de descoberta contínua, e figuras como Kasuya nos lembram que sempre há novas fronteiras a explorar, novos sabores a descobrir e novas formas de apreciar esta bebida extraordinária que une pessoas e culturas ao redor do mundo.

FAQ – Perguntas Frequentes sobre Tetsu Kasuya e o Método 4:6

1. Tetsu Kasuya ainda compete?
Não como competidor individual, mas ele continua muito ativo na cena competitiva como treinador, mentor e juiz. Ele treinou campeões mundiais e nacionais após sua vitória, solidificando seu papel como uma figura de liderança.

2. O método 4:6 funciona com outros coadores além do V60?
Sim, o princípio pode ser adaptado para outros coadores cônicos como a Chemex ou a Kalita Wave. No entanto, você precisará fazer ajustes na moagem e nos tempos de despejo para obter resultados semelhantes, já que cada coador tem uma taxa de fluxo diferente.

3. Por que devo usar uma moagem grossa?
A moagem grossa é essencial para evitar o entupimento do filtro e a extração de amargor excessivo. Como o tempo total de contato entre a água e o café é prolongado pelos múltiplos despejos e pausas, a moagem grossa garante uma extração equilibrada sem os sabores adstringentes que uma moagem fina causaria.

4. Qual a principal diferença do V60 “Kasuya Model”?
É uma versão do coador V60 da Hario, desenvolvida em colaboração com Tetsu Kasuya. Ele tem um design modificado (com menos ranhuras internas na parte inferior) para propositalmente retardar o fluxo de água, o que o torna ideal para a moagem grossa usada no método 4:6 de Tetsu Kasuya.

5. Qual é a filosofia de café de Tetsu Kasuya?
Sua filosofia é centrada na ideia de que um café delicioso deve ser acessível a todos, baseado em lógica e reprodutibilidade, e não em técnicas secretas ou sorte. Ele acredita no poder da teoria e do compartilhamento de conhecimento.

6. Posso usar este método para cafés de torra mais escura?
Sim, mas com um ajuste. Para torras mais escuras, que extraem mais facilmente, você pode usar uma temperatura de água um pouco mais baixa (em torno de 88-90°C) e uma moagem ligeiramente mais grossa para evitar amargor.

7. O que fazer se meu café ficou muito fraco?
Se o café ficou fraco, divida a segunda parte da água (os 60%) em mais despejos. Por exemplo, em vez de 3 despejos de 60g, tente 4 de 45g. Isso aumentará a força da extração.

8. E se o café ficou muito amargo?
O amargor geralmente indica super-extração. Tente usar uma moagem um pouco mais grossa ou reduzir o número de despejos na segunda fase da extração.

9. Preciso usar exatamente 20g de café e 300g de água?
Não. A proporção de 1:15 é um ótimo ponto de partida, mas você pode ajustá-la. Se usar mais café e água, lembre-se de manter a lógica dos 40% para sabor e 60% para força.

10. Onde posso aprender mais com Tetsu Kasuya?
Ele possui um canal ativo no YouTube e publicou livros (em japonês, mas com traduções por fãs) onde detalha suas técnicas e filosofia.

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BÔNUS:

Veja o próprio Tetsu Kasuya ensinando como preparar seu famoso café:

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Engenheiro Civil apaixonado por café e pelas experiências sociais que a vida proporciona através dessa bebida! Sou barista formado, mas atuo apenas como Hobby, sou apenas um entusiasta da função social que o café exerce em nossas vidas. Cafés, Amigos & Histórias para contar, eis o segredo da vida.